27 julho, 2010

Foco

Eu VOU CONSEGUIR ler um livro inteiro em espanhol.

Quando chegar lá eu conto pra vocês :)

25 julho, 2010

Fernando Pessoa, sempre!

Vou em mim como entre os bosques.



Vive um momento com saudade dele
Já ao vivê-lo . . .
Barcas vazias, sempre nos impele
Como a um solto cabelo
Um vento para longe, e não sabemos,
Ao viver, que sentimos ou queremos . . .


Demo-nos pois a consciência disto
Como de um lago
Posto em paisagens de torpor mortiço
Sob um céu ermo e vago,
E que nossa consciência de nós seja
Uma cousa que nada já deseja . . .

Assim idênticos à hora toda
Em seu pleno sabor,
Nossa vida será nossa anteboda:
Não nós, mas uma cor,
Um perfume, um meneio de arvoredo,
E a morte não virá nem tarde ou cedo . . .

Porque o que importa é que já nada importe . . .
Nada nos vale
Que se debruce sobre nós a Sorte,
Ou, tênue e longe, cale
Seus gestos . . . Tudo é o mesmo . . . Eis o momento . . .
Sejamo-lo . . . Pra quê o pensamento? . . .

15 julho, 2010

Mais cautela, please

As pessoas, em geral, tem a tendência de desqualificar o que não conhecem. Basta esse desconhecido se enquadrar em alguns aspectos pré-concebidos, idéias subjetivas adquiridas com base na própria educação e experiências trocadas com o ambiente e já estamos julgando, rotulando, definindo e muitas vezes passando adiante essa concepção. A que ponto chegamos, que desprezamos as pessoas. Sendo que nem sabemos ao certo (e na maioria das vezes não sabemos absolutamente nada) quanto a todo um mundo que há por trás, as experiências da cada um, suas feridas, suas provações, suas lutas por sobrevivência, suas felicidades, seus clichês. 
Não existe atitude mais grosseira, desrespeitosa e infantil do que rotular pessoas, atitudes, profissões. Desqualificar, generalizar, dizer ser abstrato o que pode ser, sim, muito denso e interessante.

Vamos ter cautela ao abrir a boca.

Deixo um texto do Marcelo Pires (baita publicitário gaúcho), pra vocês lerem:


Vai saber se o careca que dirige o carro
que acabei de deixar passar à minha frente
não é ex-torturador do exército brasileiro.

Se o mendigo que na esquina finjo ignorar
não é o maior poeta da lingua portuguesa.

Se o adolescente fedorento e barulhento
que me impacienta na videolocadora
não será o médico que, nesta mesma fila,
vá salvar minha vida daqui a alguns anos.

Se a menina que grita e chora na pracinha
vá se tornar o amor da vida do meu filho.

Se a autora de um livro que folhei por acaso
não venha a ser mãe desse filho, e meu amor.

Se o homem que todo dia não me cumprimenta
e eu não cumprimento no lento elevador
venha a ser, finalmente, o presidente íntegro
da quente república em que sobrevivemos.

Se a pessoa que liga e diz "desculpe, engano"
seja apenas uma pessoa que ligou,
desculpe, por engano. (Mas, a esta hora? Estranho).

Vá saber conviver com mil e tantas gentes
tanto passado, tanto futuro, presentes.



Beijos meus.