Ando um pouco cansada de certas coisas, fato que se deve - acho eu - a uma recente lucidez excessiva. Parece que o mundo, de repente, ficou mais claro diante dos meus olhos. E nessa nova visão, eu percebo que tem muita gente chata nesse mundo. E essa percepção me cansa. São pessoas que reclamam demais e que só enxergam coisas negativas. Vontade de pegá-las pelo braço, sacudi-las e dizer em alto e bom tom 'Acordem para a vida, por favor!!!!!'. Quem se entrega a esse tipo de energia pessimista não sabe a montanha-russa que é a vida. Um dia pode estar dando tudo certo, e em outros a gente simplesmente não querer sair de casa. E nem por isso temos que apagar a luz no fim do túnel. Cada pessoa tem que conviver com as suas irrealizações, suas frustrações, seus dramas. Não temos como fugir. Temos é a opção de fazer do limão uma limonada, e não se afogar no sabor azedo que a fruta propõe. Esse trecho do livro "As Horas", do Michael Cunningham, traduz maravilhosamente isso: “Vivemos nossas vidas, fazemos nossas coisas, depois dormimos – é simples assim, comum assim. Alguns se atiram da janela, outros se afogam, tomam pílulas, muitos mais morrem em algum acidente; e a maioria de nós, a grande maioria, é devorada por alguma doença ou, quando temos sorte, pelo tempo. Existe apenas isso como consolo: uma hora, em um momento ou outro, quando, apesar dos pesares todos, a vida parece explodir e nos dar tudo o que que havíamos imaginado, ainda que qualquer um, exceto as crianças (e talvez até elas), saiba que a essa seguirão inevitavelmente muitas outras horas, bem mais penosas e difíceis. Mesmo assim, gostamos da cidade, da manhã, e torcemos, como não fazemos por nenhuma outra coisa, para que haja mais.” Esse livro é ótimo. A frase é ótima.
No meu vôo de ida nas férias, assisti ao filme Vicky Cristina Barcelona, e tem uma frase dita pelo personagem de Javier Bardem, o pintor boêmio, que me marcou muito na hora: “Acima de tudo, sempre afirmei a vida.” Me identifiquei completamente. Tive vontade de chorar. Quando leio ou escuto algo que vai de encontro às minhas idéias ou sentimentos, sempre me emociono. Eu tinha passado por uma barra bem difícil, sozinha, antes de viajar. E não quero reclamar disso aqui. Quero é dizer que apesar de tudo eu continuo afirmando a vida. Continuo tendo meus dias bons e meus dias ruins, como qualquer mortal, mas acima de tudo, vivendo. E para os que reclamam demais, que um dia descubram que isso é imaturidade e não traz felicidade.
Um Beijo!